A ASTROLOGIA
E OS CHAKRAS
Vamos
estabelecer uma relação entre o que se chama macrocosmo e microcosmo.
Compreendam por microcosmo o ser humano e os mundos interiores que o habitam e
por macrocosmo, o céu físico e o universo exterior. A partir disso poderemos
estabelecer a relação do indivíduo com a astrologia.
Como
temos visto, os chakras são perfeitamente conhecidos pela Tradição ocidental,
pois, na verdade, estão representados na astrologia. Aliás, a astrologia também
é análoga à acupuntura e à energética chinesa. Os paralelos são de uma precisão
extraordinária.
O
modelo básico da relação entre os chakras e a astrologia é muito simples. O
conjunto de símbolos astrológicos para estabelecer essa correspondência não é,
evidentemente, o dos doze signos, mas o dos sete planetas.
Utilizaremos
a seguir a representação denominada “Céu Alquímico”, ou “Céu Alquímico”, que
apresenta o esquema zodiacal numa forma um pouco diferente da clássica.
A
forma clássica de representar o zodíaco, define como referência básica o eixo
horizontal, que vai de 00 de Aries a 00 de Libra e que corresponde aos
solstícios.
Modelo
Clássico do Zodíaco
No
modelo do Céu Alquímico, que adotaremos, o ponto de referência é o eixo
vertical que desce de 0° de Aquário até 0° de Leão e que enfatiza a ordem dos
planetas.
A
astrologia leva em conta as regências ou tronos planetários, que consistem na
ligação de cada signo com um determinado planeta. Aquário e Capricórnio são
regidos por Saturno; Sagitário e Peixes, por Júpiter; Áries e Escorpião, por
Marte; Touro e Libra, por Vênus; Gêmeos e Virgem, por Mercúrio; Câncer, pela
Lua e Leão, pelo Sol.
Como
se pode notar, tanto na representação clássica, quanto na alquímica, formam-se
camadas energéticas bem definidas pelas atribuições planetárias de cada signo.
“O que esta em cima é como o que está em baixo”, segundo a lei de inversão.
Modelo
do Céu Alquímico
Na
verdade, o esquema do Céu Alquímico determina uma posição de equilíbrio
vertical para a representação dos planetas.
A
superposição da figura humana no mapa astrológico, fazendo coincidir os chakras
com os planetas correspondentes, pode ser vista no desenho da página seguinte.
Nessa
figura vê-se um homem de cabeça para baixo com os centros Basal, Sacral,
Umbilical, Cardíaco, Laríngeo e Frontal dispostos sobre as faixas planetárias.
O que chamamos de centro Basal no sentido astrológico está ligado à Saturno,
regente de Aquário e Capricórnio; o Sacral está ligado à Júpiter, regente de
Sagitário e Peixes e assim por diante.
Para
distinguirmos os dois signos no mesmo chakra, precisamos acrescentar outro dado
astrológico clássico, ou seja, a qualificação dos signos em positivos e
negativos. Os signos positivos são Aquário, Áries, Gêmeos, Leão, Balança e
Sagitário e os negativos, Capricórnio, Peixes, Touro, Câncer, Virgem e
Escorpião.
Se
ligarmos agora os signos entre si, negativos com negativos e
positivos
com positivos, teremos uma primeira sequência de Câncer a
Virgem,
de Virgem a Touro, de Touro a Escorpião, de Escorpião a
Peixes,
de Peixes a Capricórnio. Outra seqüência vai de Aquário a
Sagitário,
de Sagitário a Áries, de Áries a Balança, de Balança a
Gêmeos,
de Gêmeos a Leão. Trata-se, na verdade, da circulação da
energia
no microcosmo.
No
macrocosmo veremos que o Sol se desloca entre trópicos de Capricórnio e Câncer,
definindo as estações. No hemisfério norte, o Sol se ergue no verão em
Capricórnio e vai em direção a Câncer no inverno. E como se o Sol fizesse uma
varredura, subindo e descendo pela faixa zodiacal, determinando estações
energéticas ao longo dos signos. O mesmo ocorre com a Lua que, num movimento
mais rápido, também subirá e descerá pelo campo zodiacal.
O
mesmo movimento no macrocosmo será encontrado de forma inversa no microcosmo.
Observamos essa mesma inversão quando olhamos a Árvore Sefirótica. Notem, no
desenho da página seguinte, que há um movimento de descida da energia no
microcosmo, que vai de Saturno à Lua.
Traduzindo
esse esquema para o tema astrológico, veremos que a energia lunar desce através
do campo astral representado por Câncer, ligado à cabeça, seguindo em direção a
Capricórnio e Saturno.
Esse
movimento de descida da energia no corpo chama-se apana na linguagem dos
chakras. O movimento ascendente da energia chama-se prana. Os signos positivos
e negativos geram o dinamismo prana-apana.
Na
Árvore Sefirótica subimos da Lua a Saturno, mas como a ascensão está invertida
no microcosmo, “o que está em cima é como o que está em baixo”, a Lua nesse
ponto é expressa pela sua contra-face, o Sol. Na ascensão, portanto, subimos em
direção ao Sol, ponto de saída da energia.
E
nesse sentido que o Sol permitirá a liberação do aprisionamento zodiacal, mas
trata-se do Sol do centro Frontal.
Sem
entrar em detalhes, ao estabelecermos um paralelo com a energética chinesa,
veremos que o signo de Capricórnio corresponde ao pulmão e que, por essa razão,
as práticas respiratórias atuam no ponto mais denso da energia astral.
Isso
comprova que tudo quanto foi dito corresponde, de fato, a campos invisíveis e
sutis. O ponto mais denso e pesado da energia é aquele que chamamos de função
atmosférica que, na verdade, representa a parte mais sutil do plano material.
O
corpo físico será construído a partir do mesmo modelo, porém num nível mais
denso, para poder integrar o conjunto de campos sutis.
Notem
a importância das práticas respiratórias, pois todo o campo astral nos penetra
através do pulmão. A cada momento do ano e a cada posição astral somos
impregnados por sopros diferentes.
Se
quiséssemos conhecer detalhes muito sutis no domínio da energia seria
necessário saber o momento exato de lidar com determinado ponto. E assim que se
trabalha para se obter uma operatividade esotérica.
Tanto
na acupuntura, como na alquimia, não se faz uma operação a qualquer momento. A
cada instante há um solve e coagula. E como se o solve captasse forças astrais
de maneira muito específica, e o coagula levasse de volta à matéria, certas
energias com qualidades particulares, que variam no tempo.
Inversamente,
pode-se dizer que o ponto de saída da matéria se faz através dos mundos
intermediários, isto é, do céu astral. O céu astral não representa o corpo, mas os campos
astrais de condicionamento.
Na
verdade, o céu astral é uma representação simbólica do corpo Sutil e não do
corpo físico. Isso indica que o ponto de subida da energia, onde se dá uma
passagem entre o corporal e o sutil, encontra-se no signo de Aquário.
Na
energética chinesa, Aquário corresponde ao baço-pâncreas, que é o elemento
central da energética chinesa. O que ascenderá ao nível do corpo Sutil, a
partir da experiência material, é a consciência, enquanto quintessência da
experiência terrestre.
Na
Árvore da Vida a última sefirah antes do corpo físico é Yesod, que corresponde
à Lua. Na inversão que ocorre na Arvore dos chakras ligada ao corporal,
encontramos a Lua no alto, em correspondência com o centro Frontal, que tem
função solilunar.
O
cérebro visto globalmente tem um simbolismo lunar. Pode-se dizer, portanto, que
a ascensão na Arvore, que sem dúvida consiste em libertar o coração do
aprisionamento da serpente, inclui também libertar o cérebro do aprisionamento
às formas.
A
Lua gera as formas, para que a dimensão solar não-dual possa exprimir-se.
Na
escrita chinesa, o ideograma da Lua é o mesmo da carne. Nele a chave da Lua e
da carne são similares. O corpo, portanto, deve ser considerado como carne e
também como função psíquica.
Dito
de outro modo, o corpo é a raiz do psíquico. Corpo e psique devem ser
considerados como aspectos yin e yang da mesma energia. Isso permite
estabelecer a última passagem relacionada ao esquema Logos, Eros, Psiquê e
Soma. Liberar o psiquismo neste sentido é também liberar o corpo de sua prisão
corporal.
Notem
como universalmente são trabalhados os mesmos simbolismos em diferentes níveis.
Ao mesmo tempo que o corpo é liberado de sua prisão corporal, ocorre a
libertação do coração das forças de condicionamento, e o cérebro, de seu apego
às formas.
Vejamos
agora um outro desenho do homem numa postura mais representativa. Na ilustração
da página seguinte, podemos notar que recebemos a energia lunar através da
cabeça. Como mencionei antes, a Lua é a chave da carne, do sistema nervoso e
está ligada à energia descendente, enquanto o Sol está ligado à energia
ascendente.
Observem
por que o chakra também é chamado de roda. Quando colocamos as setas e isolamos
cada nível, energeticamente, eles funcionam como rodas. Há, na verdade, cinco
rodas, pois o chakra
Frontal unificará as energias e, a partir desse nível, não é mais possível
falar de rodas.
Cada
chakra compreende uma corrente positiva e outra negativa, campos energéticos
que precisam ser equilibrados. Isso subentende que o verdadeiro trabalho, no
sentido espiritual do termo, é sempre o de integração e de equilíbrio.
Não
se trata, por exemplo, de rejeitar a paixão como algo negativo, pois somos
condicionados tanto pela paixão como pela visão negativa da paixão. Apenas é
necessário integrar os dois movimentos. O que deve ser encontrado é a posição
de equilíbrio ou de paz que integra tanto um elemento como seu contrário.
É
preciso ousar viver as paixões. Não se deve viver numa ascese estéril, pois, no
dia em que não mais estivermos na consumação da paixão, posto que cedo ou tarde
todas as coisas são suprimidas, sentiremos falta do que vivemos antes no
positivo.
Nesse
momento é importante ousar encontrar o outro lado em vez de fugir. E tão
importante viver o desejo, como a sua falta. A tendência dominante das pessoas
é a de ficar na falta, na frustração, sem ousar viver o desejo ou então a
tendência de viver o desejo, recusando a falta.
Nessas
atitudes nunca encontraremos o equilíbrio. O equilíbrio dos centros depende de
permitir-se viver as duas faces, segundo o que a vida apresenta, sem fugir de
si mesmo.
A
energia da Lua é chamada de feminina e a do Sol, de masculina. A energia
descendente é lunar, podendo ser ilustrada pela história da Queda. E a energia
feminina que, de certo modo, arrasta a masculina, ou seja, a energia lunar está
na origem da criação do corpo.
Seguindo
o processo natural, homens e mulheres são obrigados primeiro a passar por uma
iniciação feminina, quer dizer, é preciso ter os pés na terra; com o passar do
tempo, ocorrerá uma inversão.
No
início do processo descendente, de queda, a energia lunar se exteriorizará na
criação dos corpos; portanto, o feminino é exteriorizador e o masculino fica
encoberto em nosso interior.
Quando
o ser renasce, ocorre o inverso: as energias invertem-se e reencontram seu
lugar correto, ou seja, a energia feminina interioriza-se e a masculina
exterioriza-se. Para o ser renascido, os contatos interiores se dão através do
feminino.
Para
ingressarmos na vida material, estranhamente temos todos que passar pelo
feminino, pois todos nós, homens e mulheres, nascemos de uma mulher.
Em
seguida, na espiritualização, no renascimento, para que o contato interior seja
estabelecido, paradoxalmente, ainda temos que seguir o feminino. A iniciação,
portanto, é sempre feminina, seja na vida existencial, seja no sentido
espiritual do termo.
É
difícil falar do masculino, pois está essencialmente fora do campo de
manifestação. Tal como no ato sexual, o homem se faz presente, fecunda e se
retira. Depois é a mulher que realiza todo o trabalho. O masculino está fora da
criação, tomando-se difícil apreendê-lo em sua verdade essencial. Apenas as
últimas etapas da iniciação, as etapas finais de revelação são masculinas.
Intercâmbio
Aluno:
Se o baço e o pâncreas não funcionam bem, o que ocorre no corpo Sutil?
Patrick:
É provável que a função de integração não esteja ocorrendo bem e isso, de
maneira indireta, exige melhor integração do centro Basal. Compreendam que, se
o baço não funciona bem, isso nos leva à outra face da mesma energia. Um chakra
totalmente integrado, aberto, significa equilíbrio energético, Neste exemplo o
equilíbrio se dá entre o Saturno positivo e negativo.
Aluno:
Por isso se diz que quem tem diabetes não está bem encarnado?
Patrick:
Não sei, mas é possível.
A.
Se as práticas respiratórias correspondem ao ponto mais denso da energia
astral, quando a pessoa trabalha sobre a respiração estará trabalhando
diretamente para harmonizar e purificar sua energia astral?
P:
Sim.
A:
E se o céu astral representa o campo astral de condicionamento, apontará ele
precisamente o lugar que a pessoa terá de trabalhar?
P:
Exato. São maneiras diferentes de trabalhar o tema astrológico dentro de uma
ótica interior. Esse é o verdadeiro sentido da astrologia. Não foi feita para
dizer como funcionamos, pois isso já sabemos e, para tanto, basta observar como
agimos na vida. Não é preciso carta astral para isso. O interesse da
astrologia está em encontrarmos respostas para a transformação.
A:
Isso explicaria por que em determinados períodos do ano há mais abertura para o
trabalho espiritual, para os sonhos?
P:
Sim, levem em conta esses períodos do ano, pois há ciclos bem definidos.
A:
Devido ao pouco tempo que falta para ocorrer o Apocalipse, como ficaria colocar
um filho no mundo? Ele não correrá o risco de perecer fisicamente nesse
processo?
P:
Não sei. Chegado o momento veremos. A cada dia bastam suas penas. Mas a
respeito da sua pergunta percebo claramente duas possibilidades informais que
podem, portanto, parecer muito paradoxais. Creio que com o desenrolar do tempo
haverá uma escolha humana: apagar-me, ficar no informal, no indeterminado ou
determinar- me. Como temos uma certa visão de antecipação é apenas isso que
podemos perceber, mas é bem provável que saberemos qual das duas escolher antes
de estarem plenamente inscritas no nível terrestre. Todavia, até o momento
ainda haverá indeterminação.
Na
verdade, é muito difícil expressar as coisas nesses níveis de consciência. Uma
vez mais “a Luz brilha nas Trevas e as Trevas não a reconheceram”. Noé e a
história de Sodoma e Gomorra ilustram bem o fato de que quando uma certa visão
profética é expressada, as 140 pessoas
dão risadas e perguntam a razão de especular sobre tais coisas, quando o
importante é o que está ao redor.
Tanto
é verdade que perguntaram a Noé: “Por que você passa seu tempo construindo uma
arca? Seria muito melhor se cultivasse seu jardim.” Mas, quando nos damos
conta, em geral já é tarde demais.
O
que estabelece a diferença entre a individualidade terrestre e o ser liberado
que tem acesso a uma visão profética é haver, na visão profética, uma percepção
do passado e do futuro no presente. A maioria das pessoas, tendo ou não
consciência disso, projetam-se no futuro, mas, sendo ele muito impreciso, vivem
principalmente em seu passado. Estão sempre numa batalha atrasada e só se dão
conta das coisas quando estas já ocorreram.
A
vida interior possibilita compreendê-las antes, o que é sem dúvida, a melhor
maneira de responder a elas. Não é após ter recebido um soco no nariz que direi
“poderia tê-lo evitado”.
Para
evitá-lo, seria necessário saber antes de o golpe partir. Quando advertimos
alguém dizendo “Cuidado, você vai levar um soco no nariz”, frequentemente
ouviremos “Você está louco, não há nada”. Como a pessoa ainda não recebeu o
soco acredita que não há nada. Ao recebê-lo, porém, será tarde demais. Quase
sempre ocorre uma falta de sincronia e dificuldade de comunicação.
Outro
elemento nem sempre fácil de ser determinado nas visões proféticas é a noção de
tempo, pois no nível do centro Frontal não existe tempo tal qual o conhecemos
em nossa experiência física.
Por
exemplo, ao olhar uma pessoa dificilmente vejo o mal nela, porque normalmente a
vejo como ela será; porém eu seria incapaz de dizer se será assim dentro de
seis meses, dez anos ou três vidas. Por outro lado, em muitas experiências, os
contatos interiores revestem- se de roupagens que possibilitam decodificar o
tempo.
Todavia,
como a individualidade é pobre, nada se pode querer. Não podemos pretender ter
visões proféticas ou pedir indicações que nos alegrem, existencialmente
falando; precisamos apenas confiar. Em determinados casos receberemos
informações bastante precisas e, em outros, tudo será mais informal.
Para
tentar compreender um pouco melhor o significado de tudo isso, é preciso
refletir sobre o simbolismo.
A:
Coloquei a questão da diferença entre o ser não-realizado e o realizado para
frisar que há uma diferença real no confronto com tais situações. Determinadas
situações que para um ser não- realizado seriam terríveis, para o ser realizado
não têm necessariamente o mesmo aspecto.
P:
Justamente, pois na realização há desidentificação das formas; portanto, mesmo
que elas sejam destruídas isso não dá medo. Por exemplo, foi colocada a questão
sobre a minha reação diante da proximidade do Apocalipse e o fato de eu ter uma
filha pequena. Respondi “Não sei, vamos ver. Todavia, o certo é a noção de
desapego.
Minha
relação com Anaela é evidentemente de amor, mas, ao mesmo tempo, de desapego.
Sei muito bem que um dia eu e ela morreremos. Tanto o seu como o meu tempo não
me pertencem. Além disso, sei que “Quem não for capaz de abandonar pai, mãe,
filhos e marido, não será capaz de seguir-me”. Não sei o que pode acontecer,
sei apenas que aceitarei plenamente aquilo que é, em vez de desmoronar se ela
ou eu tivermos de morrer.
A:
Como há fases em que a criança tem mais necessidade de se exteriorizar e outras
de acumular experiências, pode-se dizer que esses ciclos também ocorrem
cronologicamente?
P:
Justamente. Se alguém utilizar bem as Efemérides e compreender bem um tema
astrológico, essas fases podem ser previstas. Todos os instrumentos dizem a
mesma coisa, com óticas um pouco diferentes. Outros instrumentos, como as
letras e os números, podem ser utilizados para previsões individualizadas, pois
os ritmos também estão inscritos neles.
A:
O aproveitamento escolar, por exemplo, tem muito a ver com isso. Há fases em
que a criança cria uma grande resistência em colocar coisas para dentro.
P:
Sim, ela estará na digestão do que foi colocado anteriormente, portanto, na
rejeição ao novo.
A:
E nós a colocamos de castigo.
P:
O grande problema e drama dos dias de hoje é tudo ser feito para o coletivo,
que não significa nada, ao invés de atender cada indivíduo. Por exemplo, vejo
os níveis de integração de minha filha numa classe. Ela tem de seis a oito
meses menos de idade que as outras crianças de sua turma. O que as crianças
mais maduras compreendem facilmente, pode ser de difícil integração para ela.
Oito meses depois, portanto na mesma idade das crianças de sua classe, ela
compreenderá perfeitamente.
A:
Você poderia falar algo sobre a energia de Lilith para aclarar um pouco mais
esse tema?
P:
Na verdade, como trabalhei muito esse assunto, posso dizer que há coisas
extraordinárias a serem compreendidas. O céu astral está associado ao corpo
Sutil, ao mundo da Formação, Yetzirah. Abaixo dele há o corpo físico. Ao céu
astral corresponde a Psique enquanto que o plano físico se refere ao Soma.
Na
verdade, a relação existente entre o corpo Causal e o céu astral é a chave do
processo de renascimento que chamei de Eros, mas que poderia perfeitamente ser
chamado de Lilith.
Lilith
é uma energia descendente feminina que representa a mãe negra, pois vai em
direção à dualidade, à manifestação. Ela é portadora do desejo essencial do ser
que precisa ser consumado, vivido e, posteriormente, equilibrado.
Lilith
está ligada ao mito original que constrói o ser e, como conseqüência, será
responsável por seu drama, sua crucificação e sua redenção.
Num
tema astrológico é perfeitamente possível ver como esse mito original foi
vivido carmicamente. Em seguida podemos ver quais foram suas consequências
transformadoras no sentido do sofrimento original, ou seja, da culpa gerada
pelo drama original, das situações de compensação e da capacidade de atos de
liberação gerados pelo processo.
É
muito efetivo trabalharmos nesses níveis, que constituem o verdadeiro plano
oculto do tema, embora, no sentido estrito da astrologia, Lilith não
corresponda a um corpo celeste, mas sim a um ponto fictício. Sua realidade
energética, na verdade, é informal, pois pertencente ao mundo de Briah.
A:
O que quer dizer drama original?
P:
Cada indivíduo está ligado a um arquétipo ideal ou edênico. Antes da Queda,
cada indivíduo do mundo de Briah também está ligado a uma característica
particular, sendo portador de uma aspiração a determinada realização, que
podemos chamar de pacto iniciático. No nível edênico, o pacto consiste em
empenhar-se na realização de si, naquilo que somos absolutamente únicos.
O
que somos de únicos, porém, pode ser agrupado em famílias espirituais. Se
utilizarmos a terminologia zodiacal, poderemos encontrar doze famílias
espirituais; se falarmos em chakras, encontraremos sete, e assim por diante.
São apenas diferentes maneiras de recortar e especificar determinada energia.
Tal como numa família as pessoas têm certas semelhanças mas, ao mesmo tempo,
cada uma delas é única.
A:
Quer dizer que podemos trabalhar nossa própria vida usando cada chakra ou
planeta como modelo?
P:
Sim, mas isso se passa no nível do corpo Sutil. Para reintegrarmos o conjunto
dos níveis do corpo Sutil é preciso reintegrar cada chakra, o que significa
abrir o chakra Frontal e, de certo modo, curar a Mãe Negra.
Vivi
isso muito concretamente. Foi-me mostrado com precisão minha Mãe Negra. Havia
entre nós uma espécie de transfusão. Eu recebia seu sangue e me foi dito que
era sangue doente, mas, recebendo-o, eu o curava. O embranquecimento dessa mãe
realizou-se mediante sua integração às forças do mundo de Briah.
Essas
forças têm dupla face, são ao mesmo tempo anjo e demônio. Quando as vemos sob o
aspecto edênico, podem ser consideradas anjos, mas, quando as vemos no sentido
da descida, são demônios.
O
que acabo de dizer, trata-se ainda de uma classificação dual, ligada ao mundo
da Formação; anjo e demônio, bem e mal. No mundo acima, da Criação, não há mal
nem bem. Somente quando o indivíduo integra a totalidade do zodíaco, alcançará
o plano de Briah e encarnará o mito original que o constrói.
No
ponto de partida, antes dessa integração, devido a fenômenos energéticos de
inversão, ocorrem os aspectos aparentemente negativos de Lilith, que dão origem
ao karma e ao sofrimento original.
Se
a realização do meu mito original, por exemplo, estiver ligada ao amor,
significará que sou portador desse mito original. Na sequência, tendo me
encarnado direi “Eu te amo!” Na verdade, isso significa que quero destruir o
outro, porque o amor, força de doação e expansão, devido à inversão energética,
transformou-se em formas de possessão e aprisionamento.
Dependendo
do que acontece no plano existencial e das tomadas de consciência psicológicas
que isso gera, haverá transformações cármicas progressivas.
A
princípio agarrarei a vida e destruirei tudo sem mesmo me dar conta disso. Mais
adiante, quando perceber que destruí a pessoa que amei, começarei a sofrer.
Nesse
dia sofrerei um terrível choque, que imprimirá um traço cármico muito forte no
plano do sentimento e produzirá um conjunto de consequências nas encarnações
seguintes, como por exemplo, a culpa.
“Gostaria
de amar, mas não consigo”, ou “Amar não é bom”, são duas formas geradas pela
culpa. Mais tarde surgirão compensações do tipo: “Quero amar, mas cada um
morando em sua própria casa”.
A:
Esse pacto tem alguma relação com Adão Kadmon?
P:
Adão Kadmon está ligado a um plano ainda mais alto, mas tem alguma relação.
A:
Nossa característica do mundo de Briah é a mesma em todas as encarnações?
P:
Creio que, em todos os níveis, ocorre exatamente a mesma coisa. Não é certo que
nasceremos com o mesmo signo astral. No nível de Briah, existe o equivalente ao
zodíaco inteiro, uma vez que há relações de corpo para corpo ou de plano para
plano.
Se
quisermos realmente encontrar no plano de Briah o centro que conduz ao mundo de
Atziluth, talvez seja necessário uma série de experiências sucessivas no mundo
de Briah.
A:
Mas só ascendemos às experiências de Briah após termos vivido o conjunto das
experiências do mundo de Yetzirah?
P:
Sim, sempre é preciso encontrar o centro.
A:
Resumindo, estamos encarnados e é com as experiências da vida cotidiana que
temos que trabalhar?
P:
Isso só é verdade enquanto compreensão existencial. Na realidade, porém, é o inverso
que se passa e tudo se simplifica. No mundo de Briah há estruturas analógicas
aos planos inferiores, mas o problema para o ser existencial é que elas são
não-duais. Isso quer dizer que há um mistério.
Não
se pode dizer que, numa experiência de Briah, seja necessário passar por todas
as qualidades desse mundo, pois, nesse nível, viver uma delas é viver todas,
visto que não há dualidade.
Nesse
nível de conhecimento, ao se viver uma energia particular, tem-se o
conhecimento ou integração do conjunto. Há uma condição muito específica para
compreendermos facilmente todo o condicionamento do plano astral e o do plano
físico, que pertencem aos níveis de dualidade.
Porém,
falar das experiências ligadas ao outro lado é muito mais difícil, pois são
vivências de vácuo, de não-dualidade, de estruturas informais.
A:
Não temos parâmetros.
P:
De fato, não são os mesmos parâmetros. A meu ver um ensinamento deve falar dos
mundos superiores, caso contrário não teria sentido. Mas um ensinamento conduz
apenas à porta do Templo, isto é, oferece meios para o ser libertar-se. Quanto
ao que se passa do outro lado, ele saberá quando o experimentar. Sob um ponto
de vista, de nada serve especular sobre isso enquanto ainda não o tivermos
experimentado.
De
outro, não é inútil falar a respeito, pois trata-se de uma experiência muito
real. A dificuldade de falar reside no fato de referir-se a uma transformação
de consciência, e compreendê-la já significa viver essa transformação.
Explicá-la para quem não a adquiriu, é impossível.
A:
Mas por outro lado, uma visão global do processo, ajuda muito a nos situarmos e
a não nos enganarmos em relação ao nosso próprio caminho.
P:
Sim, porém como todos os processos entram em sucessivas ressonâncias, pode-se
ler tudo num tema astrológico, numerológico ou de nomilogia. A questão não é
tanto o que é dito, mas como o interpretaremos e o obedeceremos. E possível
dizer a alguém, através da astrologia, uma porção de coisas, mas o que fará com
elas, como agirá?
A:
Normalmente a pessoa faz uma consulta astrológica e vem com perguntas muito
precisas, não estando preocupada com o que temos a lhe dizer. Mas temos de
tomar muito cuidado com o que lhe é dito, pois às vezes achamos não ter falado
nada e um ano depois a pessoa retorna dizendo: “Muito obrigado, você me ajudou
a dizer até logo ao meu emprego.” E nem sabemos ao que ela se refere. É
complicado.
P:
É verdade.
A:
Como seria representado um bloqueio no centro Basal em relação ao processo de
circulação da energia?
P:
Para responder a essa questão, é necessário entrar na interpretação astrológica
ou energética. Em geral, quando há excesso de energia, ela se desenrola em sua
própria ressonância. O excesso de energia Saturnina, por exemplo, ou do centro
Basal, ocorre dentro da própria energia ou centro. Por outro lado, quando se
trata de escassez de energia, a falta sempre indica uma plenitude em outro
lugar, que será preciso encontrar. Existem leis energéticas, conhecidas pela
astrologia, pela energética chinesa, que permitem localizar os lugares com
excesso de energia.
As
ressonâncias ocorrem da seguinte maneira: quando há falta em algum lugar, o
excesso encontra-se no elemento oposto. Na astrologia, por exemplo, quando há
pouca energia num signo, devemos procurar o excesso no signo oposto.
No
modelo abaixo, mostramos o mesmo princípio aplicado aos planetas numa relação
dois a dois. Por exemplo, o planeta Marte, regente dos signos de Áries e
Escorpião, equilibra-se com o planeta Vênus, regente dos signos de Touro e Libra,
que são opostos e complementares aos outros dois.
Em
seguida, ocorre uma modulação e a energia toma-se muito mais sutil. Para nos
aprofundarmos nesse tema ria necessário um estudo específico de astrologia ou
da energética chinesa.
A:
Estamos prontos.
P:
Eu também. O problema é a distância entre o Brasil e a
França.
Nos
ensinamentos habituais de astrologia e de energética chinesa, os elementos que
citei aqui não são colocados, pois não levam em conta o global das relações
energéticas. Hoje em dia, muitos ensinamentos foram aparentemente perdidos.
É
importante compreender bem os movimentos de subida e descida. No movimento de
descida, vai-se em direção ao concreto, à matéria. A subida consiste sobretudo
numa transformação da consciência.
O
que está em jogo nesses movimentos é a possibilidade de integrar matéria e
vida. Enquanto formos matéria viva, devemos fazer com que dela emerja a
consciência. A liberação é uma questão de consciência.
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