Glândula PINEAL -
Fisiologia
Há pelo menos 2000 anos a
glândula pineal foi considerada pelos cientistas-místicos como a “sede da Alma”
(sua morada). Alguns desses antigos cientistas chegaram a afirmar que o grau de
desenvolvimento psíquico de uma pessoa seria proporcional ao desenvolvimento da
glândula pineal.
Mesmo em nosso tempo,
muitos estudantes de misticismo aceitam esta afirmação como verdadeira. Como
existe uma afirmação no sentido de que “a pineal está ligada à transição entre
a mentalidade autocentrada da infância e a da maturidade e benevolência”;
muitos aspirantes
bem intencionados sentiram-se encorajados a nutrir a idéia de que, quanto maior
for a glândula pineal, maior será o desenvolvimento psíquico do indivíduo.
Existem fatos que apoiem esta relação entre a pineal e o desenvolvimento
psíquico?
René Descartes, filósofo,
místico, e fundador da moderna matemática, referiu-se à glândula pineal como
sendo a sede da alma racional. Como filósofo e matemático, é pouco provável que
Descartes tenha usado o termo “racional” de forma imprecisa ou não-específica;
visto que o termo
“racional” deriva de “ratio”, que significa comparar. Pelo que se sabe,
Descartes referiu-se à pineal como “la glande cannairienne”, ou glândula
do saber, do conhecer. Perguntamos: não está o “conhecimento” baseado na
comparação?
Do ponto de vista
tradicional, pois, a glândula pineal vem sendo considerada como o órgão da
percepção, “transformando a informação recebida em humores que passam por
tubos, para influenciar as atividades do corpo”, segundo Descartes.
Desta ideia tradicional deduzimos que a pineal representa um portal que permite ao Eu
psíquico exercer influências bastante definidas sobre o Eu físico.
Do ponto de vista
científico moderno, a pineal é frequentemente chamada de “reguladora das
reguladoras”, governando muitas atividades do hipotálamo e da pituitária.
Este
ponto de vista se fundamenta, em grande parte, em resultados de estudos feitos
com animais e não é incompatível com aquilo que se conhece das atividades
fisiológicas desta glândula, no homem.
A PINEAL COMO TERCEIRO
OLHO
Em alguns animais
inferiores, como lagartos e sapos, a pineal consiste de dois órgãos distintos,
um deles ocupando seu lugar usual na parede superior da terceira câmara do
cérebro , o outro ocupando uma posição exterior ao cérebro propriamente dito,
apresentando as características de um olho.
Este segundo tipo de órgão
pineal ou externo, é geralmente chamado de órgão parapineal ou terceiro olho.
Hoje, as evidências fisiológicas indicam que, em animais desprovidos de órgão
pineal externo, algumas áreas da parte superior da terceira câmara cerebral, e
talvez a própria pineal comum, podem ter a capacidade de transformar vibrações
de luz em reações comportamentais e de outros tipos, em alguns animais.
Nos animais superiores,
incluindo o ser humano, a pineal é composta principalmente de células que não
são por si mesmas, reagentes à luz.
Entretanto, a luz recebida
por intermédio dos olhos parece influenciar a função da pineal, visto que
certas atividades, que sabemos estarem ligadas à glândula pineal, são alteradas
nos animais cegos e muito influenciadas pela luz nos animais que enxergam.
Além disto, nos
animais superiores, a função pineal também é influenciada por impulsos do
“Sistema Nervoso Simpático”.
A PINEAL COMO “REGULADORA
DAS REGULADORAS”
No ser humano, a pineal é
um pequeno órgão em forma de pinha, localizado bem no centro da cabeça (Veja
Figura 2). A pineal permanece bioquimicamente ativa por toda a vida do
indivíduo.
Entre suas numerosas
influências, a pineal afeta as atividades do córtex supra-renal,
da tireoide do timo, das gônadas, do sistema hipotálamo-pituitário
e, aparentemente, do pâncreas. A pineal, portanto, se qualifica como
“reguladora das reguladoras”.
Na ausência da pineal,
várias alterações no comportamento e na atividade elétrica do cérebro foram
observadas em muitas espécies animais.
Assim, a ausência da
pineal em ratos novos leva a uma puberdade precoce. Com respeito a este fato, é
interessante notar que, no ser humano, tumores que cerquem a pineal inibindo
suas atividades, também levam ao surgimento precoce da puberdade.
Em casos deste tipo,
não é incomum a puberdade ocorrer, por exemplo, aos cinco anos de idade. Por
outro lado, a hiperatividade da pineal, causada por tumores dentro da própria
glândula, provocam um atraso considerável da puberdade.
A PINEAL E A TRANSIÇÃO
CHAMADA PUBERDADE
Por causa da particular
importância da transição para a puberdade em relação a futuras experiências de
percepção e compreensão do Eu, achamos apropriado examinar mais meticulosamente
a influência da pineal sobre a maturidade mental e física.
Em termos de
conceitos mais modernos sobre a atividade pineal, esta glândula passou a ser um
foco de atenção como resultado da história clínica que apresentamos a seguir, e
de outras que lhe são semelhantes.
No início do século vinte,
um menino austríaco de cinco anos começou a crescer muito depressa, de um
momento para outro; aumentou de estatura e adquiriu a aparência de um garoto de
doze ou treze anos. Apareceram pêlos em seu corpo, sua voz engrossou e ele
apresentava todos os sinais indicativos da puberdade. Sua precocidade sexual
foi acompanhada pela precocidade mental.
Há relatos sobre ter
ele perguntado aos pais qual seria o destino ou condição da alma após a morte.
Em outra ocasião, segundo os relatórios, ele observou pensativamente: “
estranho como eu me sinto melhor deixando as outras crianças pegarem em meus
brinquedos do que quando brinco com eles.”
Outras coisas ditas pelo
prematuro rapaz refletem uma maturidade de pensamento que se considera o
resultado normal de muitos anos de experiência na vida adulta.
A criança morreu antes de
completar os seis anos, mais ou menos quatro semanas após ter sido
hospitalizada. A autópsia revelou que o menino tinha um tumor na glândula
pineal.
Como já vimos
anteriormente, a chegada precoce da puberdade, quando associada à pineal,
deve-se à inatividade ou hipoatividade pineal, visto que, no período da
infância, as atividades da pineal estão ligadas com a inibição da descarga de
hormônios estimuladores das gônadas, pela pituitária anterior.
No caso médico
relatado acima, o “tumor da pineal” deve ter sido do tipo que inibe a atividade
pineal, apressando, por conseqüência, a maturidade sexual e mental.
Parece claro, então, que a
sincronização da liberação dos hormônios estimuladores das gônadas e,
portanto, a sincronização do surgimento da puberdade, está sob o controle da
pineal.
Parece lógico
suspeitar, portanto, que após a puberdade deve haver alguma alteração nas
atividades da glândula pineal. Até hoje, nenhuma alteração dessa atividade,
pelo menos do ponto de vista bioquímico, foi demonstrada.
A PINEAL E A FACULDADE
INTUITIVA
Foi observado, entretanto,
que após a puberdade o grau de calcificação, isto é, a quantidade de matéria
arenosa presente na pineal, aumenta notavelmente com a idade, em nossa
sociedade tecnológica.
Em contraste, ocorre menos
calcificação da pineal em indivíduos que vivem em culturas que funcionam em
maior harmonia com os ciclos da natureza. É bem conhecido o fato de que os
componentes de uma cultura tecnológica, em média, confiam menos na faculdade intuitiva
do que os membros de culturas mais “primitivas”.
Não existem evidências
diretas que liguem o desuso da faculdade intuitiva ao grau de calcificação da
pineal. Ainda assim, não deixa de ser tentador especular sobre a possibilidade
do grau de calcificação da pineal refletir o grau de nossa alienação da
natureza e seus ritmos.
Entretanto, parece que
algum grau de calcificação pineal é inevitável. Além disto, parece que essas
mudanças na estrutura pineal são necessárias para que passemos pela transição
infância-puberdade.
Assim para nos tornarmos
adultos, pode ser necessário sacrificar, a certo ponto, uma parte da faculdade
intuitiva para adquirir um certo grau de razão, do racional.
Mas o quanto de nossa
faculdade intuitiva chegamos a sacrificar para dependermos principalmente da
faculdade da razão parece constituir uma questão de escolha.
Por isto, nem todos os
membros de nossa sociedade tecnológica têm a pineal calcificada em alto grau.
No entanto, do ponto de vista bioquímico, as atividades da pineal não se
modificam com a idade.
Isto indica
claramente que, do ponto de vista da capacidade psíquica, os mais sofisticados
métodos químicos disponíveis nos dias de hoje não são capazes de indicar
exatamente aonde estamos, na “escala” do desenvolvimento psíquico.
HORMÔNIO DA PINEAL
A variedade de influências
que a glândula pineal exerce sobre todo o sistema glandular, e por conseqüência
na sensação física do bem-estar, indica que esta “glândula das glândulas” deve
necessariamente fazer sentir sua influência por meio de algum hormônio ou de
vários hormônios.
São conhecidos dois, neste
sentido, cujas atividades explicam muito bem as conhecidas influências da
glândula pineal sobre o corpo físico,
O hormônio melatonina já
demonstrou ser a causa de muitas das influências sabemos ser mediadas pelo
hipotálamo. Tais atividades incluem a liberação dos hormônios tróficos ou
estimulantes, da pituitária anterior.
Por outro lado, o hormônio
pineal vasotocina retarda o parto, mostrando que interfere na liberação do
hormônio da pituitária posterior, a ocitocina.
Portanto, é interessante
observar que a pineal esteve implicada na sincronização da gravidez e do
nascimento com a estação (primavera), que é a época mais ideal para a criação e
sobrevivência de filhotes.
Ao que parece, as
descobertas modernas tendem a apoiar ou confirmar o ponto de vista místico de
que a pineal pode realmente funcionar como um portal pelo qual as influências
psíquicas se manifestam no corpo.
A PINEAL E OS RITMOS
CLARO-E-ESCURO
Pelo que vimos, as
atividades da pineal, direta ou indiretamente, reagem à luz do ambiente. Em
muitas aves e mamíferos, a luz parece servir de sincronizadora da fisiologia e
do comportamento animal.
Assim, muitos ciclos
fisiológicos e comportamentais são orientados pela alternação diária de luz e
escuridão. Esses ciclos diários são chamados de ritmos circadianos.
No ser humano e outros
mamíferos, os ritmos circadianos se manifestam como flutuações nos níveis de
hormônios do córtex supra-renal no sangue, relacionados com períodos de
atividade. De significação ainda maior é o fato de que em seres cegos por
motivo de catarata, o grau de mudança cíclica desses hormônios fica bastante
reduzido. Após a remoção das cataratas, entretanto, a amplitude dos ritmos
hormonais das supra-renais volta ao normal.
Pelo que podemos deduzir,
parece que a experiência visual da luz causa efeitos profundos em nosso sistema
glandular. Neste aspecto, observamos que ratos mantidos em local constantemente
iluminado têm a glândula pineal menor que a de ratos mantidos em constante
escuridão, servindo de parâmetros de comparação.
As galinhas mantidas
em luz constante, ao contrário, têm a pineal maior que as mantidas em constante
escuridão. Mas como os ratos são animais noturnos, ou seja, seus períodos de
atividade mais intensa ocorrem durante a noite, e as galinhas são mais ativas
durante o dia, a relação entre o tamanho relativo da pineal e a iluminação
ambiental durante os períodos de atividade mais intensa, é aparente.
Parece claro, então,
que a glândula pineal é um órgão importante que liga o ambiente com o sistema
endócrino, por meio dos olhos e outros órgãos de percepção.
A pineal pode ser,
portanto, o elo de ligação entre o macrocosmo, ou universo maior, por um lado,
e o homem, microcosmo ou pequeno universo, do outro. A pineal pode ser
realmente o “olho” pelo qual o homem harmoniza o mundo interior e o mundo
exterior.
Após a análise de cada
glândula do sistema endócrino, que aprendemos que possa nos conduzir a uma
compreensão mais clara do Eu psíquico?
Dissemos muita coisa sobre
as funções fisiológicas das glândulas, e demonstramos claramente de que forma
essas funções fisiológicas afetam nossa mentalidade. Como o funcionamento de
nossas glândulas afeta nossa natureza psíquica?
Para podermos chegar
a uma compreensão mais clara da relação entre o Eu interior e o Eu exterior,
iremos considerar, de forma breve, o papel das glândulas na vida psíquica.
Onslow W. Biblioteca
RosaCruz
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