A CURA PELA VOZ - Quinto chakra -Xamanismo
A palavra falada ou cantada é o elemento de manifestação
com maior poder vibratório, motivo pelo qual o rádio e a televisão têm mais
eficácia que os jornais. Povos nativos compreendem (ou compreendiam) bem a
força da voz, especialmente na canção, para criar e perpetuar a realidade que
desejavam.
O Espírito Santo que habita em mim irradia a Graça
da Força da Vida.
Seja feita a vontade de Deus. Amém. Dharmadhannyael
Acredito que, quando não cessamos de reverenciar a vida —
agradecer
pelo que temos —, a energia à nossa volta se intensifica
e tornamo-nos veículos de manifestação mais poderosos.
Místicos de numerosas culturas concordam quanto ao poder
absoluto do som. Começamos pelo som, somos mantidos íntegros pelo som e um dia
regressaremos à Música cósmica das Esferas.
O som é a experiência mística original da criação. O
mestre sufi Hazrat lnayat Khan, músico de grande renome, assim comenta a Bíblia
e outras obras de igual importância:
Na Bíblia, encontramos as palavras: “No princípio era o
Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”; e vemos também que o
Verbo é Luz, a qual, surgindo, fez com que a criação inteira se manifestasse.
Esses não são meros versículos religiosos; para o místico ou o vidente, a
revelação está contida aí.
Eles ensinam que o primeiro sinal de vida a manifestar-se
foi a expressão audível ou som — em suma, o Verbo. Comparando essa
interpretação à filosofia do Vedanta, percebemos que ambas são idênticas.
Ao longo das idades, yogues e videntes da Índia
reverenciaram o Deus Verbo ou Deus-Som; e em torno dessa idéia elaborou-se todo
o misticismo do som ou da fala. Não apenas entre os indus, mas também entre os
profetas das raças semíticas foi reconhecida a importância do verbo.
“...O sânscrito é uma língua morta ha muito tempo, mas,
na meditação dos yogues hindus, alguns de seus termos são ainda usados em
virtude da força do som e das vibrações que contêm...”
Em 1986, tive o privilégio de assistir a uma dança dos
índioscoast salish. Foi maravilhoso estar entre jovens e velhos, homens
e mulheres reunidos em círculo em volta de um grande tambor, cada qual marcando
o ritmo com uma baqueta e entoando canções tradicionais, enquanto todos,
inclusive as crianças e os anciãos, ensaiavam os passos simples e graciosos que
passam de geração em geração.
Inteiradas do poder que vem da harmonização do ritmo dos
corações da comunidade e de como a dança e a canção exprimem as emoções da
alma, praticamente todas as culturas fazem uso dessas artes, saindo em
procissão para fazer chegar suas vozes e espíritos à divindade invocada.
Os índios shoshone, coast salish e huichol do
México acreditam (ou acreditavam) que os frutos não vingarão, o salmão não
aparecerá e o Sol não se erguerá a menos que eles entoem suas preces de
agradecimento e realizem seus ritos sazonais. Pensadores modernos costumam ver
essas idéias como superstições, sem vínculo algum com a realidade.
No entanto, quando o último shoshone, o
último coast salish, o último huichol, a última árvore
portentosa e a última das gigantescas reservas
petróleo desaparecerem da face da Terra, ficaremos
surpresos se o salmão não aparecer (como já sucede em muitas regiões), se os
frutos não vingarem, se o planeta sair dos eixos e (como os hopis advertem) a
Lua tomar cor do sangue?